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quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Angústia

Vivi anos a desventura de uma ilusão
- Mas, sublime...
Tão cheia de ilusão que
acreditava eu estar isento de qualquer mal.
Quando senti na espinha o calafrio
de minha ignorância,
percebi ser apenas fuligem 
de nada nem ninguém,
restou-me o vazio da esperança.
A fusão orgânica do sexo passou a ser
medo e ferida,
dessas que nunca saram,
cujo o dedo imundo deve cutucá-las
para que os homens se lembrem de suas
vergonhas.


De agora em diante confessarei 
meus medos.
Abraçarei o diabo e farei dele meu companheiro
de longa estrada e sofrimento.
Mas é Deus quem me guia.
Desconfio que a verdade é fio e polo
sem começo nem fim
nem forma definida
é um bálsamo que escore de minha face
tão triste e alegre - totalmente dissimulada!
"Pai Nosso que estás no céu"
Descei e, em vez de me acariciar,
dai-me um bom soco
Viver é correr perigo!
- É apenas uma suspeita, 
mas incomoda mais do que qualquer certeza.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Maria

Na beira do rio está maria
Sem descrição nem narração
cumpre a labuta
passa o pano na água
e esfrega com as mãos
como quem desejasse
lavar toda a imundice do mundo
- ou seria das pessoas?
mas isso nem importa para ela.
Precisa apenas concluir seu trabalho...
banhada pelo sol está estendida a pele morena
coarando no rio com sua beleza,
distante das histórias feéricas...
passa na água encardida o sabão preto
fabricado na sabueira das Marias
todas casadas mães donas de casa
areiam com bucha e suor as sujeiras
enxaguam enxugam enchem secam batem
as roupas estendidas no varal...
tão longo que começa no passado
e encerra no futuro.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

A Outra Roupa do Rei

Esse momento vazio
igualmente a meu estado de espírito
me leva a compulsividade de escrever
Nesse mundo contemporâneo escrever nada virou moda!
quero vestir palavras rasgadas e tingidas de um preto desbotado
quase um mulambo!
Quero inventar um estilo de escrever em que poucos saibam usar.
Será uma vitrine exclusiva,
- Por favor, não tentar crediário ou cheque sem fundo.
É um produto limitado
feito detalhadamente a mão com um lindo bordado rubro
quase uma linha de sangre dançando sobre as fendas do algodão.
é um momento sublime quando vejo sem fôlego as magrelas modelos arrastando sua alto estima.
Serei realmente um ótimo estilista, modéstia a parte,
meu ponto é firme!
A empresa cresceu, 
já tem destaque na tv
É preciso contratar novas costureiras,
não se exige muito,
basta ser habilidosa em costurar palavras.



Do sonho possível

Quero falar de um sonho que tive:
Era pura realidade de um querer
A felicidade estava comigo o tempo
todo
e eu não a via
Que pena!
Fechei-me entre quatro portas
e nenhuma chave...
quando despertei estava nú
por dentro
Encontrei na escuridão o mais longo caminho para seguir de olhos vedados sem parar nem pensar
Quando acordei tive a nítida impressão de ter sonhado um sono de eterno penar...
Havia uma luz no fim do túnel,
Eu moleque a quebrei com um certeiro tiro de baladeira.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

PROFANO

Essa vontade compulsiva de escrever
como se minha caneta
tivesse uma ereção,
reflete minha estrada
cheia de borboletas
que parecem vaginas
de moças exóticas no cio.

Seu sexo animal
seu desejo nas têmporas
e nas nádegas,
Me enojam aqueles
que têm nojo do sexo
- Nem sabem nem sentem nada!

Quero uma chuva
de mel e de esperma
que irei beber sem pudor
Quero todos os dedos e línguas
como se fossem um rio
onde pudesse nadar
ao sol do meio dia.
INSPIRAÇÃO

Preciso escrever sobre as coisas mundanas
Há muito preciso libertar meus demônios.
Meu corpo de ator quer ser santo
Pois que seja usada cada parte dele
como um bom e suculento pedaço de carne

Me deseje babe lamba coma
Meu santo corpo com um bom vinho tinto
Saudosisma tudo que é meu e toma o que é teu
Examina cada parte amiúde
Depois, escolhe o que mais lhe agrada.

Me usa, pois hoje sou frívolo
sou todo fogo e água
Numa fusão de orgasmos e carbonos
Não quero apenas o gosto puro da carne

Por favor,
Ponha neste caldeirão:
madeira ferro plástico
DESAFIO

Te desafio, caro leitor
Que leia minhas poesias
sem expressar o nojo

Pois, escuras, não querem ser belas
não querem falar
das borboletas azuis do mar

Não admitem a existência
das lindas fadas dos olhos cor de mel
lábios de pétalas

Não tinha a intenção de existir
É apenas uma jorrada
de palavras abafadas e cruas

Sim! meu verso é torto!
Mais torto do que sua mente
após lê-las e depreciá-las.

Quer dar uma escarrada
Dentro da sua pobre cabeça
Que não entende seu significado.

Eros que não me abençoe
de uma mente podre e pervertida
centrada nas coisas imundas

Abomino a falsa-moral
das máscaras de gesso encardidas
pelo mofo do puritanismo

Irei jogar minhas faces na parede
Afinal, o que diabo é poesia?
Um sovaco nunca depilado?

Se não suporta a dor da poesia
Solte-a!
Ela quer ser livre
dos homens e da hipocrisia.